quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Encejo oculto

Passou tanto tempo procurando por uma luz no fim do túnel, que mal notou a lanterna que estava guardada em seu bolso.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Luz


Cada pessoa é um castelinho de areia que abriga um universo gigantesco. Nesse universo mora a Dona Angústia,o senhor Sonho, a professora Verdade, o mago Mentira, o monstro Egoísmo, o mestre Sorriso, o doutor Perdão…Nossa! São tantos habitantes que muita gente passa a vida sem ter visitado todos eles. As pessoas parecem não ter tempo de conhecer o universo que existe dentro delas.

Quando uma catástrofe acontece, o mestre Sorriso adormece e o maestro Tristeza convoca todos os seres mórbidos para tocarem sua ópera dentro do castelo. Como castelinho de areia frágil, você começa a se desmanchar pensando não haver solução para acabar com a lágrima quente que lhe queima e corrói a alma por causa de uma música triste que tem tomado conta do seu universo.

Isso acontece porque você deixa muita gente adormecida em seu castelo e não sabe como acordar esse pessoal. Muitas vezes, nem imagina que a professora Verdade te chamou durante anos para tomar um chá. Você não faz ideia do quanto o doutor Perdão lhe convidou para uma conversa. Você mal os conhece, você nunca os ouviu…

É então que aparece o DJ Esperança (Ah, meu bem, aquele lá não dorme nunca!) espalhando felicidade em cada torre do seu castelinho de areia. As luzes do seu universo se acendem e o maestro Tristeza muda o repertório de sua orquestra, que começa a tocar a valsa das flores.

E o castelo todo se rende ao universo de luz que mora dentro dele e ilumina outros castelos, que iluminam outros e outros e outros… Até que universo que mora dentro de Deus se torna inteiramente luz!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma súplica ao tempo, que insiste em escapar pelos ponteiros de um relógio tirano. Um tributo à imortal Brittany Murphy, que nos arranca risos e lágrimas a cada cena, sem muito esforço. Uma menção à Chantal Kreviazuk, que sempre me emociona com essa gracinha de música.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Batalha


Amarrado e perdido em seus medos
Mauro não sairia ileso.
Ele nunca seria o bastante pra si mesmo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011



coachella devolveu a brooke a necessidade de exalar sua música como um perfume doce e suave. posso sentir o cheiro da baunilha fresca quando escuto as cores desse recomeço.

domingo, 30 de outubro de 2011

O filósofo


Sua maior loucura
foi encarar a aventura
de fugir sem olhar pra trás.

Quem passa pela multidão
vê que ao andar na contra mão
ele encontrou a própria paz.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A cigarra e a formiga

Era domingo. A Dona formiga ligou a TV. No canal Verdes Folhas passava Tarde dos insetos,com Gugu Carrapato. Em meio a uma plateia animada,o apresentador anunciou eufórico:

“Hoje,teremos a presença de Cicigarrete! Ela que já vendeu mais de 10 milhões de cópias e tem feito o país inteiro dançar ao som do ‘Funk da Cici’ virá ao nosso programa para cantar um pouquinho pra gente! Logo depois dos nossos comerciais.Não perca!”

Dona Formiga foi fazer um chá e voltou para a sala com a Vovó Formiga. E o programa começou. O apresentador logo no início do bloco deu o maior berro:

“E com vocês: Cicigarrete!!!”
A estrela da música entrou no palco e fez todo mundo cantar com ela. Na platéia do programa, se viam cartazes em homenagem à musa, camisetas com sua foto, pôsteres de vários tamanhos e representantes dos mais diversos fã-clubes de Cicigarrete. E galera pulava:

É o funk da Cicigarrete
É o funk da Cicigarrete
E quem quer entrar na dança
tem que comer muito omelete

Na sala da casa da Dona Formiga, a vovó resmungava:

- Nossa! Essas músicas de hoje em dia não tem conteúdo mesmo!

E Dona Formiga retrucava:

- Deixe de ser ranzinza,mamãe! Eu gostei!

Ao terminar de cantar, Cicigarrete tirou os óculos escuros para dar uma entrevista para Gugu Carrapato. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. A estrela estava emocionada. “Nunca imaginei que um dia estaria aqui diante dessa plateia tão maravilhosa!”, repetia.

E a plateia gritava “Ela merece! Ela merece!”

Na sala da casa da dona Formiga, dona Formiga olhou para Cicigarrete espantada:

- Mas,essa não é aquela cigarra para quem não quisemos dar comida,no último inverno?

Vovó Formiga ajeitou os óculos e olhou melhor para a televisão.

- É ela mesma! Aquela que deixamos passar frio lá fora por ficar cantarolando durante o verão em que trabalhávamos.

Dona Formiga desligou a TV, revoltada.

- Não é possível! Nós é que trabalhamos e ela é quem faz sucesso?

- O ofício dela era de cantora, oras! Nós é que não sabíamos disso. – Concluiu Vovó Formiga.
E dona Formiga,com uma pontinha de inveja:

- Pelo menos com ela estando longe,não precisaremos suportar a cantoria impertinente daquela cigarra.

Foi então que a Formiguinha Baby entrou na sala com um pacote na mão:

- Mamãe! Mamãe! Olha só o que eu compreiii! O CD e o DVD da Cicicarrete!

Dona Formiga olhou indignada:

- Era pra isso que você quis quebrar o seu cofrinho?

- Era mamãe! Era pra isso!

Depois,a Formiguinha Baby saiu cantarolando pelo formigueiro:

“…De quem você é Tiete?
Eu sou tiete da Cicigarrete!
Você é Tiete do Chiclete
e eu sou Tiete da Cicigarrete
Você é Tiete da Ivete
e eu sou Tiete da Cicigarrete!…”

domingo, 2 de outubro de 2011

Mágica


Parecia entender
o que o meu olhar dizia
sem nunca querer dizer

E quando eu me escondia
sempre me aparecia
e conseguia me ler

Mas você me era tanto
que perdida em seu encanto
tive medo de ser

dezembro de 2009

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Recomeço


Ao olhar pra tudo aquilo
que há tempos havia sofrido
preferiu não perder tempo
com tanto tempo perdido

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Circo


O fogo queimou a lona. O palhaço então chorou.
Com a peruca derretida
Ele até daria a vida
Pra poder mostrar a Anita
O quanto ele ensaiou

“Ela não olhou
Ela nem notou
Será que ela volta
no próximo show?”

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Teclado

Às vezes queria poder dar Ctrl + F dentro de mim para encontrar a razão camuflada entre as minhas perguntas sem resposta.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Com uma peça a menos

Cabecinha de Vento era um bonequinho de Lego muito “avoado”. Esquecia-se de tudo e sempre passava por poucas e boas por conta disso. Um dia , foi comprar mistura para a mãe e esqueceu as moedas em cima da mesa. Teve de voltar correndo antes de o mercadinho fechar, pra buscar o dinheiro. Ao voltar, comprou tudo o que dona Lego pedira, mas ficou tão atento ao troco,que esqueceu as compras no balcão. Quando retornou, o Boneco-Verdureiro já havia fechado o mercado. Se não fosse o seu pai, que, dias antes, havia guardado “miojo” no armário,a família inteira ficaria sem janta.

O bonequinho também era dono de ir à escola e esquecer o lápis e o caderno em cima da cama. Pobrezinho! Sempre levava bronca da professora:

- Esqueceu o caderno outra vez, Cabecinha de Vento?
- Sim, professora…
- E agora, onde vai copiar a tarefa?
- Não sei…
- Leve o caderno da Barbie para copiar a lição de hoje e trate de colocar suas atividades em dia! Eu quero tudo pronto até amanhã!
- Sim, sim, professora!

À tarde, enquanto todas as crianças se divertiam no campinho de futebol, Cabecinha de Vento copiava a matéria atrasada pelo seu esquecimento. E no dia seguinte, tornava a esquecer o material escolar.

Seu pai, o senhor Lego, sempre ficava muito bravo com essa situação:

- Ô Cabecinha de Vento! Esse seu esquecimento é absurdo! Você só não esquece a cabeça porque está colada no pescoço!

E não é que um dia, ele esqueceu mesmo a cabeça em casa! Certa vez, desmontou a cabeça para tomar banho, como de costume, mas deixou-a no banheiro e foi à escola, logo cedo. Ao perceber o desleixo do irmão, Cabecinha de Açúcar foi correndo atrás da mãe:

- Manhêê! O Cabecinha de Vento esqueceu a cabeça!
- Mas não é possível, filha! – Exclamou a mãe, intrigada.
As duas saíram de casa e, de longe, avistaram Cabecinha de Vento, sem cabeça, passando sobre o trilho do trenzinho.
- Mamãe! – Gritou Cabecinha de Açúcar – Ele será atropelado!
- Vamos correr, filha!

Desesperadas, as duas gritavam o boneco. Em vão! Ele não escutava, não enxergava e não falava, afinal de contas, estava sem cabeça.

Após atravessar a linha, foi caminhando ao meio da rua e acabou sendo atropelado pelo Carrinho de Madeira, que não teve culpa do acidente.

Cabecinha de Vento foi parar no hospital. Sua perna esquerda foi toda desmontada. Uma peça azul ficou perdida embaixo da ambulância e o Doutor teve que substituí-la por uma amarela. Ficou estranho, mas não tinha outro jeito. Apelar para um implante de peças artificiais, àquela altura do campeonato, era arriscado demais.

Hoje, todas as vezes que Cabecinha de Vento olha para aquela peça diferente em seu corpinho, se lembra de confirmar se não esqueceu nada em casa e confere se a sua cabeça está sobre seu pescoço.

Ultimamente não tem se esquecido de muita coisa. Tomara que continue assim,não é mesmo?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Razões

- Tia, eu quero pão de queijo.
- Lá em casa tem bolacha.
- Mas eu não quero bolacha, eu quero pão de queijo.
- Deixe de ser ingrato! Há crianças como você que gostariam de ter uma bolacha em casa e não têm!
- E há crianças, como eu, que gostariam de ter um pão de queijo em casa e não têm!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A cesta

Sim, Chapeuzinho Vermelho teve medo de atravessar a mata escura.

Sentada à mesa da cozinha, enquanto sua mãe preparava os comes para a cesta da vovó, a menina tremia só de pensar que mais tarde teria de desafiar a floresta.

Pensou em se esconder até que o dia terminasse e desse a hora de dormir. Pensou em comer toda a comida da cesta e dizer à mãe que havia entregue tudo à avó. Pensou, pensou. Chorou por dentro. Tremeu.

Mas, ao olhar para a cesta bem cheia, lembrou-se de que a velhinha poderia morrer de fome se a cestinha não chegasse à casa da senhora como deveria e que isso era mais importante do que qualquer monstro no meio da floresta. Por isso, Chapeuzinho seguiu seu caminho.

Há momentos na vida em que o desespero toma conta da gente.
Nosso medo chega a transbordar nossos sentidos quando um caminho escuro se estende aos nossos olhos. A estrada é longa, a floresta é deserta e não há ninguém que possa cruzá-la em nosso lugar.

Planejamos enganar a nós mesmos. Pensamos em jogar fora a cestinha que temos nas mãos. Mas a coragem nasce quando nos damos conta de que do outro lado da mata há um sonho vivo que precisa ser alimentado porque não pode morrer tão cedo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Lápis

Tenho cavado as verdades do mundo nas linhas do meu caderno. A vida se enterra em mistérios? Pois bem, eu trouxe a pá!

domingo, 31 de julho de 2011

sábado, 23 de julho de 2011

Inspiração

As palavras do poeta
esperneiam na barriga
É aquele empurra-empurra
Quem vê pensa até que é briga

Mas é que ninguém entende
Ai ai ai,meu Deus do céu!
As ideias pulam quente
pra alcançarem o papel

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O padeiro


Sem minha autorização
ele veio com o fermento
fez crescer meu coração
pra poder caber lá dentro

Agosto - 2010

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mágoa

Botou pra dentro tudo o que queria dizer. Depois foi culpar a gastrite pelo mal estar. Quem mandou engolir tanta porcaria?

domingo, 10 de julho de 2011

Ana

Ela estava certa de que o veria novamente, embora não soubesse quando.

Durante um bom tempo, guardou palavras bonitas na garganta e, vez ou outra, proferia frases prontas diante de seu papagaio a fim de simular como seria o tão esperado encontro.

Certo dia, ao caminhar pela avenida, notou que Pedro a reconhecera de longe e gritara seu nome. Ela correu para perto dele, disse um "olá" e segurou bem a garganta para que as palavras não fugissem. Em vão. Seu coração saltou pela boca e atropelou cada letrinha guardada ali.

A moça não disse nada. Não havia o que dizer. Pedro riu. Ana saiu envergonhada e com ódio de si mesma. Respirou fundo e foi andando pela calçada, com cara de boba.

Ainda que nervoso, seu coração voltou para o peito (de onde não deveria ter saído) e as palavras não ditas, após escorregarem pela garganta de Ana, foram, uma a uma, caindo em sua alma para umedecer a esperança de um dia encontrar Pedro outra vez.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O imortal

Ele leu o epitáfio.Releu. Sorriu. Chorou.
Antes tivesse caido em sono eterno como ela!

Ao sentir o vazio do mundo e escutar o som das coisas finitas, gravou em si o conceito de que a vida só valeria a pena tendo a morte como descanso.

Ele esperava que algo um dia lhe provasse o contrário.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Revolução

A Gramática acordou com um olho só, naquele dia. Ao abrir as únicas pálpebras que lhe sobraram, ainda descobriu que estava cega. Minutos depois, sentiu uma dor que lhe apertava o ventre. A rainha da biblioteca mal sabia que suas páginas estavam bagunçadas e que uma grande guerra se estendia do capítulo 3 ao capítulo 7: um sujeito oculto havia roubado a princesa Normativa e fugido com ela sabe se lá para onde. Por conta disso, a Língua Falada se uniu à Conotação, sua amiga de anos, para tentar se apossar do poder da princesa sequestrada.

Dois exércitos se formaram: um liderado pela Hipérbole, que não se contentava com o fato de perder sua princesa oficial e outro pela Cacofonia, que lutava em prol do eixo Conotação/Língua Falada.

O gerúndio foi o único a não se alistar a nenhum dos exércitos e corria de um lado para o outro, contrariando a vontade geral:

- Não estarei lutando com vocês. Vocês precisam estar se acalmando e voltando para seus parágrafos.

O único santo da Gramática, o chamado Santo Antônimo, que foi beatificado após conseguir um noivo para dona Ênclise, foi conversar com o Padre Paradoxo para ver se ambos bolavam uma ideia que amenizasse o conflito. De tão contraditória, a prosa não deu em nada. Depois de uma briga feia, cada um se aliou a um exército.

A página 6 estava em branco. No meio dessa confusão toda, até os tópicos do sumário correram até o capítulo 3 para ver o que acontecia.

Um sujeito paciente, que observava a guerra do alto de uma das páginas centrais, pendurou uma rede no marcador de livros e foi se deitar. Pra que?! O dorminhoco foi golpeado por uma Onomatopéia que tentava degolar uma interjeição. Enfurecido, mostrou a si mesmo que paciência tem limite. Subiu num canhão e começou a atirar para tudo o que era lado. Acertou no olho esquerdo da Gramática onde estava. Acertou no olho direito também. Cega e de um olho só, a rainha da biblioteca começou a chorar.

Sem mínima consideração, o livrinho de crônicas da estante número 2, que perdia o amigo, mas não perdia a piada, aprontou um escândalo na sala:

- Vejam! A Rainha está caolha!

Fez se o maior alvoroço. A maior parte do reino se compadeceu da coitada. Na prateleira real, os livros chegaram aos montes para prestar auxílio a ela. A equipe de auto-ajuda deu-lhe um abraço coletivo e a encheu de afagos e conselhos.

A Enciclopédia sugeriu algumas práticas milenares de curativos nos olhos. O Livrinho de Piadas veio perguntando o que é que a loira disse para o livro. O Romance Urbano convidou a rainha para conhecer o Rio de Janeiro. A Peça Teatral ofereceu até um papel para a rainha representar no próximo sarau. O Romance Realista já surgiu dando seus toques “super estimulantes”:

- Somos fruto do meio em que vivemos, rainha, e o mundo em que vivemos é mau. É melhor que a senhora esteja mesmo cega. Assim, não enxergará essa realidade tão cruel.

A rainha se sentia feliz em ter tantos a sua volta. Mas nem todos estavam em favor da sábia. Os livros de matemática perderam as contas do tanto que riram da monarca, que há tempos instituíra seu poder sobre as letras e os números que moravam ali. A oposição começou a se formar. Um tratado iluminista saltou da estante número 5 e propôs uma parceria com os que se opunham à supremacia da Gramática. Aspirantes a republicanos, amantes da democracia, racionais e calculistas, os opositores tramaram um golpe de Estado.

Depois de um treinamento que durou dois meses, o exército revolucionário resolveu atacar. O que ninguém imaginava era que o primeiro tiro de canhão seria barulhento o bastante para acordar a princesa Normativa, que dormia sob o efeito de um sonífero na borda de uma Antologia de Olavo Bilac. Há alguns dias, ela havia sido presa ali por um sujeito oculto e queria voltar para o ventre da rainha, sua mãe. Sem hesitar, ela subiu sobre as “Velhas árvores” da página 9 e pulou de volta para a Gramática. Quando viu a guerra lá dentro quis fazer um acordo com a Língua Falada e com a Conotação:

- Podemos reinar juntas. Vocês dependem de mim e eu dependo de vocês. Deixem de lado essa guerra e darei o poder que merecem.

A Língua Falada e a Conotação aceitaram o cessar fogo. Aliás, a guerra terminou definitivamente. Milagrosamente, a Gramática voltou a enxergar e estava mais segura de si do que nunca. Traçou um acordo de paz com a oposição ao se dar conta de que jamais representaria uma verdade absoluta. E naquele mundo colorido, sem certo e sem errado, a democracia foi instituída.

Em uma noite de verão, sob a garoa paulistana de 1922, certo poeta encontrou uma gramática bagunçada em sua biblioteca. Encantado com tamanha harmonia entre o correto e o incorreto, quis defender um meio termo. Foi apoiar o Modernismo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Odisséia


Em uma bela manhã, a engraçadinha da vida te acorda com o pé esquerdo, te obriga a esfolar a alma no vento e a bater o cotovelo na quina de qualquer coisa pra te fazer tomar um choque. Por mais que você tente mudar tudo, seus colegas vão estar de mau humor, a policia vai rir da sua cara, você vai cair na rua e até a série mais legal da tv vai estar uma merda - não duvide que o mocinho morra nesse dia. 

Por esse período, guarde as boas expectativas na gaveta. Se puder, se enclausure, não abra a boca pra não dizer besteira, ande em passos mínimos. Mas tente não se esquecer de que será apenas uma fase ruim. Ao amanhecer, é provável que as coisas voltem ao normal: o céu vai estar limpo, o ar, puro e, sob o brilho de um sol radiante, a vida estará te olhando de cima do arco-íris, assistindo aos risos a saga e o triunfo do herói de um dia só. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

amor (pós)platônico


o amor chegou pra Lúcia como um som indefinido
a canção em outra língua era paz ao seu ouvido
melodia pura e doce como nunca havia sido
pena que o vento que a trouxe a tivesse traduzido