
E a bolsa guardada
guardava tanta coisa
A carteira nova
da mãe daquela moça
que ainda guardava
dobrava a velha carta
que havia ganhado
do seu ex-namorado
que ainda sofria
com o fim do noivado
com a moça da bolsa
que o havia deixado
E a bolsa guardada
guardava tanta coisa
a nota da moça
que havia viajado
sozinha e perdida
com um pé calejado
de tanto fugir
de um homem transtornado
E a bolsa guardada
guardava tanta coisa
o creme vencido
e o enfeite que o amigo
havia doado
àquela bela moça
que por um impulso
perdeu todo o juízo
ao ver que o mundo
não era um paraíso
E a bolsa guardada
guardava tanta coisa
o auto-epitáfio
da moça amedrontada
que ainda escondia
a marca da pedrada
sob seus cabelos
com uma fita listrada
E a moça guardada
guardara tanta bolsa
A bolsa azul
que vivia fechada
A bolsa amarela
por dentro decorada
em tons tão escuros
com cor preta espalhada
A bolsa vermelha
deixada ali de lado
Sua bolsa branca
de tecido rasgado
até camuflado
junto a um pano desbotado
Tanta coisa numa bolsa
Tanta bolsa pra uma moça
Tanta moça numa bolsa
Uma moça,
Uma bolsa.
4 comentários:
Sempre me espantei pelas inúmeras coisas que uma bolsa de mulher guarda!!
É que são mesmo imensas coisas!
Livia muito obrigada por sua visita em meu blog, também adorei o seu e esse texto da bolsa de uma moça é a mais pura realidade, bjocas...
Acho que a bolsa é uma extensão nossa mesmo, complexa, cheia de coisas (in)úteis e (in)dispensáveis.
Que coisa mais linda seu blog!
Bjoka!
Adorei! Muito bom :)
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